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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Economista afirma que PB é discriminada na divisão de verbas

Jean Gregório
Do Jornal da Paraíba



O economista e consultor Martinho Campos, responsabilizou a falta de capacidade dos últimos governos da Paraíba de não terem criado “um círculo virtuoso na economia paraibana, sem deixar de mencionar a debilidade da classe empresarial, que não ousou por falta de visão de futuro. O total irrisório de investimento para nosso Estado (menos de 4% dos investimentos do governo federal, ou 1,2%, se considerado o montante das estatais), nos coloca no trio de patinhos feios (Alagoas, Piauí e Paraíba) de uma região como o Nordeste que desponta hoje como uma das mais promissoras do país”, comentou.

Para Martinho, “as oportunidades são imensas, mas as condições e as estratégias dos programas estaduais de desenvolvimento do Estado, com a implementação de projetos estruturantes, são ainda deficientes. As debilidades desses Estados se traduzem na questão de posicionamento político desfocado por parte de suas lideranças. Na Paraíba, a esperança que temos é a de que o novo governo possa abrir esses novos caminhos”, declarou.


Já o representante do Instuto de Pesquisa Economica Aplicada (Ipea) do Nordeste, Constantino Mendes, defende com base em análise e estudos que mesmo “com o crescimento médio positivo do PIB do Nordeste, acima da média nacional, a região vem ainda mantendo um padrão histórico e estrutural de participação relativa constante no PIB e na renda nacional (em torno de 13% e 47%, respectivamente), além de concentração populacional e produtiva nos três principais Estados: Bahia, Pernambuco e Ceará.


Mais recentemente, houve avanços nos estados do Maranhão e Rio Grande do Norte, em face de investimentos pesados das estatais de infraestrutura, via Petrobras, que receberam. Contudo, os investimentos na região continuam concentrados no Litoral e nas capitais. Uma pergunta que ninguém ainda fez é saber se esses investimentos vão ter impactos positivos no interior da região. Veja o caso da Transnordestina e da Transposição. Elas serão apenas melhores ‘vias de acesso’ ao litoral?”, questionou.


Para o economista e ex-presidente do Conselho Regional da Economia da Paraíba, Rafael Bernardino, “a decisão de investimentos tanto os governamentais quanto os privados seguem uma ordem de prioridade que são definidas a partir de ‘preferências políticas’ e, também, de projetos. A Paraíba, mesmo sendo um dos estados com menor PIB na região, comete, historicamente, um pecado que é a falta de planejamento de projetos de longo prazo. É preciso acreditar e ‘sonhar’. Os ‘sonhos’ devem ser transformados em projetos, inclusive porque vão chegar numa hora em que os investimentos nos estados maiores se completam, então eles irão para os estados menores e de preferência para aqueles que estiverem mais preparados. Ou seja, que tenham projetos bem elaborados e viáveis. Para receber investimentos, a Paraíba precisará elaborar bons projetos”, declarou.


O representante do Ipea revela que “a interiorização do Nordeste ainda é frágil e aleatória. Em alguns municípios, ela é conduzida por algumas atividades e empresas privadas, em geral agrícola (soja) e mineral (ferro), mas sem estratégia pública para sua consolidação de centros ou polos dinâmicos. Entendo que a estratégia para Nordeste ainda está muito concentrada em políticas sociais, no lado da demanda, mais do que em políticas econômico-produtivas, do lado da oferta. Não por acaso a região é mais importadora do que exportadora, com exceção de alguns segmentos ou atividades em geral, insumos, de petróleo, minérios e outras commodities - e de baixo valor agregado", afirmou.


"De maneira enfática, o Nordeste está consumindo mais, é verdade, mas produzindo menos e mesmo o emprego formal é mais no comércio, na indústria da construção civil (ou seja, de baixa qualidade e no setor público. O Nordeste está, na verdade, estimulando a economia (e a produção) do Sul-Sudeste via consumo e comércio. A ‘exportação’ de renda, de emprego e de produção do Nordeste continua e tem sido um padrão histórico e estrutural”, reiterou.


Com os investimentos federais concentrados nos Estados de maior PIB do Nordeste como Pernambuco e Bahia, o economista defende mudanças na distribuição dos recursos federais, para evitar a acentuação de outra desigualdade já posta no Nordeste: a desigualdade intrarregional. “O governo federal deve realmente mudar sua postura com relação à política regional para o Nordeste, com vistas ao arrefecimento e debelamento das desigualdades. Ele precisa direcionar seus recursos para os estados de menor expressão no PIB e necessitados. Contudo, é nesse aspecto que mora o círculo vicioso: os estados mais necessitados são justamente os que apresentam menos força política e, assim, são tratados com menor atenção. Há que se inverter essa situação, com criatividade e muita vontade política”, apontou.

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