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quinta-feira, 19 de maio de 2011

'The Economist': Nordeste brasileiro corre atrás do prejuízo

RIO - O Nordeste ainda é a região mais pobre do Brasil, onde se encontram 28% da população do país e apenas 14% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, na década passada, o PIB da região cresceu 4,2% ao ano, mais do que os 3,6% de crescimento do país inteiro, ressalta a respeitada revista britânica "The Economist" em matéria publicada nesta quinta-feira.
- O Bolsa Família foi importante para esse resultado - explicou o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Neri à publicação, mas outras políticas públicas do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajudaram mais. Cerca de 75% do crescimento da renda desde 2003, quando Lula foi eleito, veio de ganhos, não doação.
A "The Economist" chama atenção para o fato de que o salário mínimo aumentou 60% no período em termos reais, sendo que os maiores benefícios foram justamente para o Nordeste. Neri acredita que só o Crediamigo, programa de microcrédito do Banco do Nordeste, tirou mais de um milhão de pessoas da pobreza.
O recente poder de compra da região atrai empresas, como a Kraft Foods, que abriu sua primeira fábrica no Nordeste para produzir bebidas de chocolate e em pó, diz a revista. A reportagem relata ainda como a Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) ajudou a financiar 52 shoppings desde 2006.
- Agora o Nordeste é um grande canteiro de obras - disse o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, à publicação inglesa.
Para a revista, as maiores fontes de crescimento da região são o porto e o complexo industrial de Suape, que está sendo expandido. Mais de 100 empresas, diz a "The Economist", se mudaram para o Nordeste, seduzidas pelos incentivos fiscais. Só a Fiat está gastando R$ 3 bilhões em uma fábrica nordestina.
Na cidade de Pecém, que terá um porto, o governo cearense está treinando cerca de 12 mil trabalhadores por ano, informa a publicação britânica. Com os novos portos sendo levantados, os tempos de viagem para Estados Unidos e Europa serão encurtados em três ou quatro dias. Também está sendo construída uma linha de trem que deve ter 1.728 quilômetros e carregar cerca de 30 mil toneladas de produtos por ano. Segundo a revista, a Odebrecht, responsável pela construção da linha, sofre, no entanto, com a falta de funcionários, mesmo tendo recebido pessoas de todo o país - inclusive mulheres, que constituem um quinto dos empregados. A empresa terá que treinar todos.
O rápido desenvolvimento econômico da região e o aquecimento no mercado de trabalho levaram a uma agitação da indústria. O esforço industrial é percebido tanto no trânsito engarrafado quanto na escalada dos preços imobiliários, ressalta a revista. A cidade de Pecém estaria preocupada com a construção de casas para todos os trabalhadores que inundam o lugar, temendo o surgimento de favelas.
Por fim, a "The Economist" nota que o maior obstáculo da região para o desenvolvimento é a educação precária. Por mais que as empresas estejam treinando seus funcionários, o Nordeste continua gastando menos em educação do que a média nacional, além de ter professores mais fracos. "Se for para a próxima geração realmente aproveitar o que se está construindo hoje, as escolas da região precisam se qualificar também", encerra a reportagem.




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